Perdi voce, mas nao a mim. Num jogo de marionetes que insiste em reviver seu rosto, varios angulos de um mesmo sentimento, talvez. Que nao se alinham, frente aos momentos de memoria. Vejo sua seriedade, e nao entendo, sobretudo, o tom da palavra amor.
Ser ela feita de desejo incontido e sede pela frustracao, encontro ao nao definido ? Nao sei, mais do que ainda me aposse um sonho de palavras, mal articuladas, voce.
Ainda que parte de um mesmo real imaginario, sao fantasias que transbordam, a merce dos meus sentidos. Simplesmente estou e vibro, sabendo ser essa a nao factual prova de realidade.
Mas seu rosto me acompanha, quando abro gavetas, e nem ao menos me sorri. Presente esta como se ocupasse um lugar cativo de recordacao. Com ele falo, dele me recordo, e sigo meu dia, mergulhado numa realidade fantastica entre a presenca de uma fotografia inerte, tampouco viva, atestado do nao esquecimento, cobradora, talvez, do reciproco que o tempo se encarrega de levar para longe.
Voe comigo a distancias nao conhecidas, paradeiro dos que se encontram so em poesia. Onde as diferencas regem a ternura da transformacao, e o compromisso seja apenas o direito a viver, em si tanto.
Mas as distancias ocupam o lugar dos sonhos, e a melancolia toma vulto em rotina. E traz sua fotografia para perto de mim, arrastada pelas mares e pela areia branca da praia que existiu, na sua voz que nao ouvi. Na certeza de que as paixoes se extinguem como um flash tao rapido, fortuito o sorriso, seria sua expressao.
Nem triste ou alegre, vou contemporizando a acao do tempo, que vai deixando suas marcas a sequela de uma paixao nao vingada, em seus momentos de ternura, irascivel em diferencas, pequena ou grande, ja nao se importa.
Saboreio o reencontro a algum lugar de mim que pareca familiar, e obstinacao ao seu desejo de realidade. Menos sublimatorio, mas vazio no seu querer, recheado de verdades, para continuar seguindo.
Pois se o mundo o e o encontro de momentos, sejam eles um maior desafio, ou nao. Faca-mo-los inteiros e dignos de nossa propria coragem, do medo inerente apenas mais um obstaculo, da transgressao um rumo definido.
Perdi voce em me perdendo a mim. Se nunca tive o que nao poderia abdicar. Tao doce, inseguro e incompleto. Para mim, tao carente de todos os afetos.
E me sigo, pois nao ha que se parar a mola propulsora.
Mas abro as gavetas, e sua foto esta la, me lembrando de nao esquecer, e tirando algo de indecifravel, a cada momento dessa contemplacao. Um pequeno pedaco de voce, que um absurdo passional transformou num minusculo pedaco de papel. Um semblante serio que indaga, e me traz, a tona, as perguntas que eu tiver.
Ou simplesmente me olha, atraves da distancia dos tempos, para que eu nao me olvide de lembrar.
Como uma cerimonia, o faco, sagradamente, dia apos dia, sem que me abstenha.
Num pacto, como se me comprometera a ser luz. Sua luz. A luz de voce em mim.
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