Seguidores

quarta-feira, 31 de maio de 2017

BULLYING NUNCA ( COMPETIÇÃO ENTRE COLÉGIOS )

As aulas de história são sempre deliciosas, porque me vejo num mundo que se abre, e traz a visão de novas realidades.
Sou pequena ainda para formular críticas em relação à história de meu povo, e por isso me contento em sabê-la pelas falas tradicionais de professores que obedecem, lânguidos em seu curso natural, a ordem dos fatos imposta pelo status quo que defende o poder.
Interesso-me por uma descrição que conceda opulencia aos invasores e, deliberadamente, esqueça os subjugados, e minha nota é a máxima na prova bimestral, sem que eu tenha me dado conta do valor dessa pretensa vitória.
Somos três alunas que viajam o topo, a derradeira nota dez.  E é a sorte que me consagra como a representante do primeiro ano ginasial, na competição entre colégios, que ocorrerá no programa de televisão.
A responsabilidade é grande, e não menor do que a tensão em ser representante da sabedoria incasta de uma torcida inteira, focalizada na minha tentativa de acerto.
Sou chamada pelo apresentador.  Vozes se calam, e o silencio atribui à minha condição um reles papel de vítima.  Das expectativas concentradas em mim, e do meu medo em fracassar.   Que se traduz em absoluta negativa em tentar buscar a resposta, em meu cérebro, à pergunta que me é feita.
Não sei, deixem-me voltar ao meu assento, e ser não mais do que eu mesma.  Uma adolescente insegura e passional.  Viver a não glória dos vencidos como possa.  Sem sequelas e arbitrariedades, pré julgamentos de quem enxerga, só na vitoria, a manifestação do correto e sadio.
Alunos me julgam, dedos são apontados, e meu peito urra de dor.  Eu nada pedi, apenas estudei o que me apreciara.  A competição toma de assalto uma alma ingênua, tentando galgar as vicissitudes da vida.
Regressar à sala de aula é mais uma provação a ser enfrentada.  Existe a punição, exercida por um professor decrépito, que não conhece as regras mínimas do bom convivio, e arrisca sua metodologia para humilhar o que não se prove como extensão de sua propria prepotência.  Submete-me a escrever o nome omisso de minha memoria, de quando a pergunta na TV.  Um livro de 400 páginas, 800 vezes o nome Lourenco da Veiga, ligado aos governadores gerais.
Meu caro professor de história, venho por bem declarar-lhe que eu, e outros milhões de adolescentes, mundo afora, nada temos que provar a ninguém.  Nossa curiosidade e instintos vem do genuino desejo de perseguir o saber, e não por uma ganancia ególatra de expô-lo.
Hoje, já bem mais velha, elaboraria outras críticas.  Desconfio de capitanias hereditárias, governadores gerais e bandeirantes.  Nossa história foi banhada em sangue dos que foram poupados nessa narrativa, que salientou, e ainda o faz, o nome dos donos do poder.
Para os estudantes que, ao invés de celebrarem minha tentativa, fizeram por bem rechaçarem e exponenciarem minha derrota, é inevitável que se use a palavra bullying, para se definir seu comportamento incidioso.
Dos que permeiam uma sociedade corrosiva, onde crianças e jovens são inseridos, desde cedo, num mundo de cobiça onde não fazem parte, meu repudio.
Ao modelo competitivo que tenta nos escravizar o modo de pensar, desde a tenra infância, o meu não contumaz.
A todas as formas de bullying que corroem nosso mundo, transvestidas de boas intenções e altos ideais.
Errei a resposta, mas ganhei a vida.

sábado, 27 de maio de 2017

ROTINA ( PASSOS NÃO DADOS PELO MUNDO DOS HOMENS )

Rotina.  Da procura dos pequenos momentos de prazer.  Do abraço longo que se esconde, por entre as imagens.
Livro, e sol lá fora, a tarde caindo, o dia num sorriso.  E eu, me procurando o momento, sem saber, ao menos, o direito de existir.
Vou me lembrando ao sabor do vento que evoca o barulho dos carros, e um relogio que bate, avançando seus momentos de encontro com a vida, eu, como ser único.
Que se me faça, em entendendo algo.  Seja um pensamento ou destino, minha leve procura, nas respostas do mundo dos homens.
Curvo-me frente ao casuismo dos encontros baratos, na minha dimensão de ser pensante.  E esqueço, vôo, até não mais ser.
Sentindo só em mim, pulsando o breve, vivendo a não presença.
Rotina.  Preenchida pelas cores de uma tela, nada mais se vê além de seu conteudo, inerte, à procura, mas meu.  Resultado de momento e entrega.  Num mundo em que se insiste olvidar, para a caricia não mais existir.  Em que as cores do alento não se distinguem na mesmice.  O pranto chorado o não desejo de paz.  As mentes o resultado de tamanho desencontro.
Do que gosto, a maré, a brisa, e o sabor do corpo, o tempo se esvaindo breve, correndo solto em sua sequencia.  O silencio do momento certo, e não da dor.  Felicidade contida num bouquet de flores, que se espalham às vistas de meus olhos, tantas vezes cansados.
Rotina.  Pelas lembranças que se esvaem sem um porém, nas recordações que ficam, e nos olhares que não se apagam.  Olhar-me ao espelho, e descobrir o segredo da juventude que la está, me desejando saudade, nem menos brisa do que outrora só.  Bate feliz e calma, outras horas arrebentando o peito, saudosa a nostalgia do momento que não se foi.
Entre meus braços calados e olhares sensiveis.  Uma solidão constante, entre os espaços de mim mesma.  O não entendimento dos jogos que correm à minha volta, no desejo eterno de somente ser criança.
Rotina de sons, luzes e cores, e o que me apequena ao mundo, num projeto de paz, num sentido mais amplo, ou somente encontrar.  O desencontro de linhas, quando ao lembrar Caieiro, vislumbro os contornos da minha morte, em apenas redenção, se na primavera eu me fosse.
Faria de mim um soneto para as crianças, sempre vivas, em minha memoria.  Aos jovens que não esqueço, no seu eterno desejo de mudar.  As músicas tocadas por todos os instrumentos, em uníssono com o barulho das flores.  Sentimento continuo do avanço dos passos, que nunca se perdem.
Momento derradeiro, leva de mim um sopro, sem me deixar, ou não, em vida.  Resistirei, do alto de meu mais profundo pranto.
Direi adeus, num murmurio.  Encontrarei consolo em minhas linhas, para me esquecer, ao certo, do mundo dos homens.

domingo, 21 de maio de 2017

FOTOGRAFIA DE UM SEMBLANTE

Perdi você, mas não a mim.  Num jogo de marionetes que insiste em reviver seu rosto, varios ângulos de um mesmo sentimento, talvez.  Que não se alinham, frente aos momentos de memoria.  Vejo sua seriedade, e não entendo, sobretudo, o tom da palavra amor.
Ser ela feita de desejo incontido e sede pela frustração, encontro ao não definido ? Não sei, mais do que ainda me aposse um sonho de palavras, mal articuladas, você.
Ainda que parte de um mesmo real imaginario, são fantasias que transbordam, à mercê dos meus sentidos.  Simplesmente estou e vibro, sabendo ser essa a não factual prova de realidade.
Mas seu rosto me acompanha, quando abro gavetas, e nem ao menos me sorri.  Presente está como se ocupasse um lugar cativo de recordação.  Com ele falo, dele me recordo, e sigo meu dia, mergulhado numa realidade fantástica entre a presença de uma fotografia inerte, tampouco viva, atestado do não esquecimento, cobradora, talvez, do recíproco que o tempo se encarrega de levar para longe.
Voe comigo a distancias não conhecidas, paradeiro dos que se encontram só em poesia.  Onde as diferenças regem a ternura da transformação, e o compromisso seja apenas o direito a viver, em si tanto.
Mas as distancias ocupam o lugar dos sonhos, e a melancolia toma vulto em rotina.  E traz sua fotografia para perto de mim, arrastada pelas marés e pela areia branca da praia que existiu, na sua voz que não ouvi.  Na certeza de que as paixões se extinguem como um flash tão rápido, fortuito o sorriso, seria sua expressão.
Nem triste ou alegre, vou contemporizando a ação do tempo, que vai deixando suas marcas à sequela de uma paixão não vingada, em seus momentos de ternura, irascivel em diferenças, pequena ou grande, ja não se importa.
Saboreio o reencontro a algum lugar de mim que pareça familiar, e obstinação ao seu desejo de realidade.  Menos sublimatorio, mas vazio no seu querer, recheado de verdades, para continuar seguindo.
Pois se o mundo o é o encontro de momentos, sejam eles um maior desafio, ou não.  Faça-mo-los inteiros e dignos de nossa propria coragem, do medo inerente apenas mais um obstáculo, da transgressão um rumo definido.
Perdi voce em me perdendo a mim.  Se nunca tive o que não poderia abdicar.  Tão doce, inseguro e incompleto.  Para mim, tão carente de todos os afetos.
E me sigo, pois não há que se parar a mola propulsora.
Mas abro as gavetas, e sua foto está lá, me lembrando de não esquecer, e tirando algo de indecifrável, a cada momento dessa contemplação.  Um pequeno pedaço de voce, que um absurdo passional transformou num minúsculo pedaço de papel.  Um semblante serio que indaga, e me traz, à tona, as perguntas que eu tiver.
Ou simplesmente me olha, através da distancia dos tempos, para que eu não me olvide de lembrar.
Como uma cerimonia, o faço, sagradamente, dia apos dia, sem que me abstenha.
Num pacto, como se me comprometera a ser luz.  Sua luz.  A luz de voce em mim.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

UlLTIMO CAPÍTULO

Mais uma despedida. De minha mãe, que se foi.  De você,  que abandona minha vida, e de mim mesma, que volto, a sentir meu prumo.
Nas mesmas linhas que aproximam o reencontro, me faço inteira, pedacos de mim mesma.  Para continuar seguindo, sem máculas.
Malas por fazer, me esperam o peso dos anos, e a vontade de me deixar levar ao amorfo, para onde o incógnito seja a única resposta.
Dei-me a vida, e dela me deixei, como um sopro.  Enterro minhas lágrimas em lugar onde o sofrimento e somente brandura, e a força o moto necessario.
Sou, por isso me pertenço.  Ao que meu choro de mim faça parte, e ajude a enterrar o silencio dos mortos.  Para onde a distancia voe, em meus projetos de futuro, e o presente somente um nó na garganta.
Da ferida estanco o sofrimento, de onde minha alma velada se faz coro.  Mas não grito aos infortunios, nem ao menos criança.  Somente mulher, no todo os resquicios de mim.
Encerro mais um capítulo, como quem usa uma pena que cai, num movimento parado no ar.
Amanha viajo, sobrevoando todos os oceanos.  A certeza incerta do resto dos meus dias se deitando sobre um jardim de flores, delicadas, presente de mim mesma.
Salve o brado de música aos meus ouvidos, lirismo que obedeço, no mundo em que não existe o perdão.  Carinho camuflado, e esperança contida, existo sem, ao menos, sentir a essencia do meu ser.  Para que tanto, se o todo é pequeno, e as palavras não atingem.  Se sou restia de Sol num continente assolado pela seca.  Dos corações, um último lampejo.
Tristeza que há em mim, habite meus dias contados.  O porvir nasce de um sonho, e me obrigarei a voar, sem medo.
Sem medo, simples, eterea, amorfa.  Como a morte de meus dias sofridos.
Como a esperança, a brilhar em seu jazigo.

PRANTO SUFOCADO

Indo embora, sobrem lágrimas.  Tão longas quanto meu sofrimento, ou pequenas para enfrentar a dor.
Deixem meu murmurio súbito enfrentar seu leito de morte, o gosto amargo do pranto, pela injustiça cometida contra os homens.  Sem chorar, o perdão é por mais uma lágrima deslavada, e seu murmurio incerto, num rosto que desaprendeu a chorar.
Tente, ao menos, num derradeiro instante de ternura, o quarto escuro, na penumbra do desconhecido, o amor que se foi ao longe, a insensatez dos que cobram o racional.  Nada a esperar, que não seja o murmurio das ondas, na empatia que só a natureza consentirá.
Sentindo seu cheiro, pensando em você e em todos os espelhos do mundo, refletidos em mim, sou fantoche.  Ando à espreita, procurando o nada que se faça conteúdo, o incerto que percorrerá minha vida até meu leito de morte, por cima uma aura que fira a brisa miuda dos momentos de emoções.
Viajo nos sonhos que tem encontro às lagrimas, e as pulso dentro de mim, na certeza e na coragem, e no pedido para ser.  Libertem-me, deixem-me chorar, pois não há pulso mais forte do que a não entrega dos sentimentos.
Nave mãe, perdoe-me se subestimo minha forca, mas só posso fazer guardar as lembranças em algum canto de memoria, para nunca mais voltar.
Resta-me farta ao saber, eu, que desapareço faço no horizonte, para voltar depois de jogadas as cinzas ao chão.  Um dia voariam, por sobre a espiral de um tempo que já corre, pedindo minha existencia viva.
Fica em seu sentido, deite-se sobre a eternidade, o momento é outro que não pedir adeus.
E a ternura, incomodada pelas mãos do destino, e um choro calado, esmiuçado pela covardia em não se expor, símbolo proprio do medo a solidão, átimo em si, só de grandeza.
Quero encerrar, sem o conseguir, travestindo a magoa, superando o desapontamento, vestindo a utopia de um azul indefinido.  Para nunca mais voltar, a todos os rostos que signifiquem realidade.
Um choro que não está, desaparecido nas entranhas do meu eu.  Faça-se vivo, forte essencia, e me torne sentidos.
Pranto deslavado, sufoque minha garganta oprimida, e serei apenas eu.
Sem não mais ter, sofrimento acabado do fim.  Adeus.