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terça-feira, 25 de abril de 2017

SE EU QUISER FALAR COM DEUS

Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós.
A sós seguirei pelo meu caminho, que me trará ao começo da velhice.  Ao que não sei e me amedronta, e do qual não faço calar.
Ao mundo dos homens, às vezes tão absolutamente hostil, quanto terno, em oposicão, possa ser o sorriso de uma criança.  Sem mais, tantas antíteses em choque, no coração somente o belo.
Hoje andei pela praia, o que, há muito, não fazia.  E senti a areia sob meus pés, e o contato fresco da água a banhá-los.  Como se fôsse a catarse de dias sofridos, o mar recolheu minhas lembranças e dor, enquanto eu, só, simplesmente andava.  Apenas, sem mais, numa trégua ao desalinho, dando como ponto final a parada longíqua de um trem que se perdeu pelo caminho, seus vagões vazios, seu coração cheio, até não mais poder.
E é por isso que não me calo, em frente às minhas eternas linhas.  Peço contorno ao que não tenha, que meus sentidos arrefeçam, e que eu consiga voar, pairar por cima desse sentimento de não pertencimento que me invade tanto, ao qual só o pranto da solidão alivia.
Nem sei se insisto em fazer ouvida minha voz.  Do que me vale o eco do respaldo de perguntas sem respostas ?  Hoje queria o lugar nenhum, nenhuma concha que me abrigasse e, talvez, nenhum consolo a vista.
Hoje me cansei de continuar tentando, e decretei a impotencia em mim mesma.  Num Sol que, talvez, eu o veja diferente amanhã.  Resplandescendo o dia, tomando conta das marés, aquecendo os corações.
Hoje não.  Quero luto, abandono, tristeza, rendição.  Medos assumidos ou não, brincar de ser pequena em minha força.  Sem medo da derrota ao não conformismo, ou ser eu mesma, e pedir.  Ainda que soe estranho aos ouvidos que me ouçam.
Assim sinto os dias e as promessas não cumpridas, dentro de mim mesma.
Mas sigo.  De alguma forma, coerente com o que há de mim, buscando.  Quero o amor, que se me arrefece a cada experiencia que a vida me dá.  Somente amar, os pés descalços na areia sob o mar.  E um andar sem rumo definido, na tristeza e na dor.
E um abraço, reles, incontido, na presença do meu eu.

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