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sábado, 22 de abril de 2017

EXISTIR SEM VOLTA ( PELAS CALÇADAS DO RIO )

Rio de Janeiro, fica brisa, pois talvez quem sabe.
Abrem-se as portas do incógnito, e ouço muitas melodias, mas não sei quem sou.  Simplesmente existo e pulso, me levando à emocao de um reencontro, do qual, nem ao menos, sei o paradeiro.
As ondas vão registrando seus passos doces na areia, e eu caminharei sem destino.  De que me vale sonhar, onde o acordar já é realidade, e ocupa todos os lugares dentro de mim.
Depois que a tarde nos trouxesse a lua, o inesperado faça uma surpresa, sempre na busca de alguém.
Morros e tuneis do Rio de Janeiro, aqui estou, e me mesclo à essa cidade de pedras e desejos.  Lembro-me de minha doce Tiradentes, e me atiro ao asfalto da metrópole.  Viajando, de lugar a nenhum, sempre à procura.
Bondes de Santa Teresa, dos quais me lembro tão bem, eu, aqui, Copacabana, capítulo num sonho, de onde estou ao barulho do mar.
De que vale o destino, quando a vontade é de não ficar, somente ser.  Para brincar de surpresas que a sorte reservar, ou não, sou uma menina a busca de um colo, tão somente, muito mais.
Rio de Janeiro, e seus quilômetros de areia, onde nada mais do que um banho de mar, numa espuma que quebre minhas reservas, num pranto que cesse, sem portas de entrega.  Lágrimas que escorram em seu gosto salgado, sem pedir permissão, me lembrando de que momentos significam o que há, nada mais.
Vou seguindo em minha intranquilidade do permitir, nos sonhos em que me acabo feliz, pois se desse o misterio que propulsiona.  Nada mais, num pranto que relativiza a essencia da vida.
Minha mãe, viva, em frente a mim, desafiando a senilidade ao correr dos tempos.  Depois, um caixão que baixa à terra, como todos os outros, e mais uma vida entregue ao pó.  Com todas as referencias de que eu possa ter tido, nada impede a onipotência da morte em seu crédito.  E é você, que vejo baixar,  me sentindo etérea no espaço, completamente orfã, para não mais poder.  Como se o destino me houvesse ceifado os pés ao chão, e eu existisse de uma forma completamente amorfa, ainda que viva, em corpo e espaço.
Rio de Janeiro, me abrigue, pois ainda tenho a chorar sob seu céu.  Um pranto misto, feito de poesia, redenção, totalmente voltado à esperança existencialista do ser eu mesma, saudades não sei bem do quê.
Se o amor chegasse, eu não resistiria.  Porque resistir ao amor, bem tão caro, que só pede a entrega.  Junto a brisa, não mais ser, total, sem medo.
Não sei o que de mim, nesse emaranhado de morros e tuneis, sempre Copacabana, mais um paradeiro.  De mim, que já não sei, por onde atravessar não faz falta, a vida sendo apenas um segredo.
Do qual não me olvidarei.  Presente completo, e ternura imensa.  O doce ato de existir, para nunca mais voltar.

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