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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

AGORA UM TROVÃO ( ROMPENDO O TIC TAC )

Lá fora, o barulho da chuva.
Tic tac tic tac faz o silencio.
Mas chove lá fora.
E o silencio tic tac dorme como um gigante, na espera.
Percorro com medo minhas letras. De gritar, já passou.  Agora é só o tic tac do silencio, nada a ouvir, pingos de chuva, na minha solidão.
Se estivesse num campo, bradaria.  Mas estou aqui, sentada à minha cama, escrevendo, e o que pulsa é esse relogio atormentado.
Nenhum barulho, ou som que venha, na monotonia dos dias comuns, que se anunciam.
No meu coração, que não ousa mais um suspiro.  Tic tac, nem ao menos de verdade, ao meu lado.
Viver a vida, em se equilibrando num fio.  Erguendo-se, caindo, doce esperança da ilusao.
Ouvir uma voz, para quebrar o compasso avassalador dos tic tacs do momento.  Que não passam e se renovam.  Hoje o choro não é mais vida.
Um pequeno sopro, ou algo tão grande.  Uma voz, para quebrar a escuridão de um momento, de um quarto que não tem frestas.
Tic tic tac, para variar.  Tac tac tic, para ser pernóstico.  A ordem dos sons não muda as badaladas de um relogio que caminha para a frente, impulsionado pela vontade de uma decisão.
O relogio que está ao meu lado parou.  Acordou mudo às dez para a meia noite, e assim deixei que ficasse, para descansar em sua pretensa imortalidade.
Tic tac e são os rostos vivos que somem, na página do tempo que se vira.  Aqueles, cujas fotografias tomam o lugar do coração, na lembrança.
Mas hoje sou por alguma lei da física, bastante conhecida.  De que os corpos caiam por causa da gravidade, de que não sei absolutamente o que é relativo.  Da atração entre eles, quem sabe no quesito eletromagnetismo.  Eu adorava a disciplina antes do vestibular, muito embora pouco se tenha dada sua aplicação.  Na verdade, em pensando, também seja muito util.
Chuva caia, pingos de relogio.  Relogios de gravidade.  Tempos que voem.  Saudades que passem rapido, ternura que não se morra.
Tic tac de novo, como se fosse um som que não parasse de bater à consciencia.   Estou passando, voando ao meu eu, lá longe, não se vendo mais meu rosto.  Não chore, porque o amor é feito de perdão, como a mais profunda das noites.
E as palavras não ditas não sepultam o desejo de não serem vividas.  Apenas se esqueceram, embora tivessem brincado tanto.
Por isso o badalar dos relogios da vida parece ser sabio, em sua monotonia.  Não o que o faço parar, a nós que estamos à mercê dele.
Como um quebra cabeças gigante, parte por parte, ninguém é tão inconstante.  Apenas eu e você.  Mas isso já é passado.
E sua voz ?  Como será ?  Quais os timbres do alcance de sua paisagem ?
Eu adoraria estar voando agora.  Atravessando o Atlântico ou, quem sabe, indo para Estocolmo.  Bem mais de volta aos trópicos.  A viagem é linda, para quem se senta, e vai.
Mas há asas para quem fica.
Um badalar que diz dor, amanhã, silencio.  Doido e muito solitario.
Passo e fico, como o universo.


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