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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

VONTADE DE NÃO VIVER ( E NÃO VER AS FLORES )

Eu canto porque o instante existe.
Não sou alegre nem sou triste.
Amanhã estarei mudo, mais nada.
Não sei saber envelhecer, nem quero. Gostaria de me ir antes do ocaso de meus sentidos que falhem. Ainda sabendo os motivos das flores, e a paixão dos meus instintos.
Não quero seguir ao ritmo dos anos que se forem.  Que me trazem a perspectiva da escuridão, e ressaltam as marcas das feridas em meu coração.
Quero ir-me antes, no apogeu da não inercia de meus sonhos realizados, ou na procura crédula dos que não se consumarão.
Não preciso estar para olhar o enfadonho bater do relogio, me lembrar do que perdi, e me acordar aos anseios do que já sei.
Quero brotar uma rosa, no jardim mais colorido de minha alma, e regá-la sob meu jazigo.  Porque há horas em que se precisa morrer, para se poder existir.
Lamentavelmente ou não, tenho promessas a cumprir, e olhos a velar, o que me mantém alerta a tudo ao que chamo realidade, e que ainda me serve de consolo.
Sem eles, simplesmente me iria, no meu compromisso só comigo mesma e minha dor, da qual não vejo sentido em prorrogá-la.  A velhice não me fará mais jovem em anseios, ou livre nos meus desejos.  Somente me aprisionará.  E não sei se tenho forças, porque a estrada é muito dura.
Gostaria de deixar, simplesmente, pousar minha vida em algum canteiro, se é posto que ela, um dia, se acabe.  Sem postergá-la, chorando, apenas cumprindo meu papel.
Nem ao menos sei se saberei o pranto, doce ensejo aqueles aos quais a memoria já não lhes presta.
Talvez eu não tenha dito as palavras certas, e a vida não tenha me ensinado o verdadeiro carinho.  Ou eu seja pequena demais, criança ainda, para entender o seu todo.
Não tenho porque ficar, que não o que me resta, vivo, e se me faz.
Mas, se cansada já estou por agora, que me esperam anos à frente.  Talvez uma inercia de mim mesma, ou um beco em que caia.  Eu preferiria dormir, e acordar num outro lugar, onde só luz e mais existissem.  O coração dos homens sereno, e não triste.  Apenas carinho.
Onde eu chorasse, sem sofrer.  Muitas lagrimas, água e sal, e me deixasse banhar nelas.  Como a Lua, o Sol, as estrelas, e o que, de mim, se perdeu.
Adeus a vida, ou a um capítulo, ou todo o meu ser, tanto se me faz.
Não sei se ela me propiciou o bom, e a vontade de não tocá-lo, ou se eu não lhe entendi as intenções.  De qualquer forma, meu sofrimento é de quem se rende, e quer parar.  Ser branco, véu, e paz derradeira.

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