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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

ACEITANDO-ME SOU ( ODE À TERNURA )

Os minutos se passam, e a vontade de escrever se torna um desejo compulsorio.
Sinto que não esgoto o desejo de voltar à mim mesma.  Faz frio, e tenho comigo o silencio da noite.
Folheio fotos, as mesmas, do passado e presente, com meu olhar, quase sempre triste, e fora do meu proprio alcance.  Abraço meu pai, já em estado terminal, minha mãe nos seus cabelos brancos envelhecidos, e meu filho, desde sua mais tenra infancia.
Somos todos instantes mágicos, que uma bela foto captou. Ora um sorriso, a sombra da melancolia, ou o prazer manifesto.
Essa sou eu adolescente, uma linda garota.  Com um semblante tão singelo, como se a vida passasse afora.  Ou ainda o sorriso aberto do primeiro ano da faculdade, que não sabia as agrurias por que passaria em me tornando uma bacharelanda, com diploma na mão.
Na verdade, pouco sabemos.  Antevemos somente a ansiedade que, por muitas vezes, nem ao menos se inclui em sonhos derradeiros, oriundos de nossa vontade.
Mas estipulamos metas, por convenção e praticidade.  Ou por medo de pensar mais longe, e arcar com as consequencias de nossas dúvidas.
Aquela outra foto foi tirada pelo homem que representou a maior paixão da minha vida, totalmente lúdica, e aplatônica.  Pode um desejo consumado não ser real ?  Sim, se ele não for vivido, meramente colocado par a par sem que o sentimento brote, com ou sem palavras certas.  Na verdade, elas de pouco importam, se não há o algo que se diga por si só.  É preciso muita confiança na emoção que se possa despertar, dentro de si e no outro.
Sermos leais a nós mesmos é parte de um caminho arduo do conhecer e aceitar.   Mas é extremamente doloroso pensar que se possa viver à sombra de si mesmo.  Instigante avaliar que somos nosso menor investimento.
O mundo esta aí, correndo solto, em sua problemática infindável.  Nós, dele parte, querendo a redenção.  Usando formas de não gostar, quando deveríamos fazer o contrario, o altruismo ao nosso favor e vontade. Fechamo-nos ao desabrochar de nosso proprio eu, como se nossa candura não fosse fator determinante na coerencia de nossas ações.
Jogamos sobre os nossos ombros o peso da dignidade, que deveria ser compartilhada em forma de afeto, não houvera o medo se instalado em nossos corações.  Ele, que pode nos tornar cautelosos, mas também covardes.  Hesitantes, por não sabermos que o primordial é, primeiramente, nos concedermos.
A vida traça contornos, muitas vezes suaves, e abre espaço para muitas demonstrações de carinho, que possam ser mutiladas pela incerteza do viver, cores perdidas num tão somente.
Pessoas se abraçam e repelem, num jogo continuo de emoções.  Falam, disfarçando seus conteúdos, e se escondem por cima de um manto de sobriedade, quando deveriam compartilhar o caminho que lhes seria mais facil e merecido.
A maturidade traz, com ela, lembranças e lições, e menos se ajoelha às contingencias do presente. Sempre haverá um momento, e o grande desafio é vivê-lo, sem mais.  Como, talvez, o último e derradeiro, que não lhe sabemos realmente o ocaso.
Antevejo um futuro, mas não leio suas linhas traçadas.  Prefiro a sensação do aqui e agora, com minha simplicidade de ser, e o sorriso que possa esboçar, muito embora a dor se faça presente.  Nem tudo é lúdico, ou tampouco espartano.  Um dos grandes misterios do se viver é a boa dosagem entre a troca de sentimentos, que floresçam e se resguardem.
Gostaria muito de simplesmente ser, sem subterfugios, primeiramente para comigo mesma,   Pois mereço o conforto de minha propria auto aceitação.  E de conhecer os instantes em que minto, porque não tenho força suficiente.  Ou que iludo, por não saber voltar do meu proprio mundo utópico.
Por certeza, sei que não existirá uma troca entre dois corpos, que não sejam ternos para consigo mesmos.  E de que não acredito em qualquer forma de doação que seja feita atraves de caminhos, que não os do amor. A verdadeira amizade tambem por ele passa, e sorri.
Se tenho força para amar, desde que o sentimento brote, primeiramente, em mim.  E a suavidade se transpasse aos olhos cálidos do outro.  Simplesmente, numa doação espontânea.
Os dias correm, e aprendo mais.  De como me desvencilhar de palavras articuladas, gestos desnecessarios, e apreciar meu silencio.  So eles me conduzirão ao bom que busco, dentro e fora de mim.
Beijos são, por sua propria identidade, quase sempre fortuitos, o que não me impede de sonhá-los, eternamente romântica.  Materializam-se e se desfazem, no compasso da vida que segue a frente. São, inequivocadamente, propulsores do desejo de outros mais, levando ao prazer do estado de se dar.  E morrem um dia na lembrança, porque o momento presente não conserva as imagens do que um dia se foi.
Novos beijos virão.  Acompanhados de vontade e coragem.  Resistindo à fragilidade e auto determinação.
Pois, do que é dado, encantamento, em si só ternura.  E a vontade de esquecer a vida que corre lá fora.

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