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sábado, 8 de outubro de 2016

VOAR PARA ALÉM DAS NUVENS COR DE ROSA ( ODE I AO MEU TRANSTORNO BIPOLAR )

São os momentos da noite os mais fortuitos e agradáveis.  Agora sinto um compasso, e me dispo de minhas vaidades.
Quero correr a letra, e alcancar o céu.  Me imiscuir em tons de azul pálido, e esquecer do chorar.  Haverá verde amanhã e novos impulsos, e meu viver ficará coroado de vontade.
Seguindo meu pêndulo, de repente abriu-se um momento.  Consigo sorrir, porque assim sou.  Cristalina, esquiva, espero que o verde adentre por minha janela, e que hajam raios de Sol.  Sempre espero pelos raios de Sol.  A noite é desafiadora, lúgubre, um convite ao fascinio e a troca de palavras.
O dia chega, traz com ele seu resquicio de vontade e ser.  Dispo-me à claridade, e a energia pulsante de tudo ao meu redor.  Não penso, ajo, sorrio, profeço a escalada do meu ser ambulante. Professora, ensino o saber que não está em mim.  Ele se absteu de minha consciencia e me faz desperta a cada instante.  Sou o âmago do que penetra em mim, a pergunta não feita, e a resposta que já se foi.
Com as mãos, golpeio a irreverencia do destino, que me curvou ao amparo da minha troca com o belo.  O amor que existe dentro de mim, a empatia que emana de minhas vicissitudes me faz ser inteira, entre as partes do que me julgo composta.
Não pedi, mas só aceitei. O diluvio das palavras, ditas, escritas e sussuradas.  Meu abandono, minha pequena poesia, que só a mim pertence.  Gostaria de ser outra, mantendo-me fiel ao que sou.  Ao que fui, que ja não sei, agora há batidas dentro de mim.  O outrora, acalanto desperdiçado, foi um átimo doloroso, e amanhã são as restias de Sol que já desenho em minha memoria.
Vida, de que me és util ? Se conheço o sofrer e a alegria, a tristeza e o disparate ?  Como pode tudo voar ao longe, estando perto.  Até quando essa sensação de inexistencia, meu material que sucumbe.
Agarro-me às palavras, minha força, meu reduto.  Sinto-me dentro delas, e não posso perdê-las.   Pretendo o encontro de mim mesma sem sons refletidos no papel.  Sem o desenho harmonioso de letras que sobem.  Minha consciencia transborda e se preenche de luz e vontade.  Simples porque a palavra, a derradeira silaba, veio a mim.  Inundou-me, careceu-me, e não posso parar, pois tenho medo.  De que nada mais faça sentido, e de que eu me dilua em pensamentos e fim..
Sinto a morte perto.  Ela me ronda e espreita, faz parte de mim.  Está pronta a me alcançar, mesmo que eu a refute.  Brinca comigo, mexe em meus cabelos, e me pede para ficar atenta.  Preciso desse cuidado, necessito do torpor do cair no vacuo, uma nuvem branca, sem peso nem textura.
Ela não há de ser um abraço doloroso, mas um pedido de uma boca, página de um livro que ainda não se acabou.  Que me adentra, cobre, um manto rosa, leve, muito suave, a me levar para longe, alem da
ausencia de corpos.
Vejo pequenas estrelas cintilando no espaço onde meu corpo flutua, livre, sem carencia e sentidos.
Aprendi a morte, e quero-a perto, amiga, legal e viva.
Ela, que me toma.  E eu , parte do que ja não fui.

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